Da Esperança à Revolução: BYD inaugura fábrica em Camaçari e reacende o sonho industrial da Bahia
- Nilson Carvalho

- 1 de jul.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho — Jornalista, Ambientalista e Embaixador dos Direitos Humanos
Camaçari respira novamente. E com ela, milhares de sonhos.
Nesta terça-feira, 1º de julho, a cidade que antes chorou o abandono da Ford, testemunha a chegada de um novo tempo com a inauguração da primeira fábrica da BYD — a gigante chinesa de mobilidade elétrica — no Brasil. Um marco não apenas para a indústria automotiva, mas para o futuro da economia, da sustentabilidade e da dignidade do trabalhador baiano.
Instalada onde antes operava a Ford, que fechou suas portas em 2021 deixando uma ferida social aberta, a nova unidade da BYD vem como um sopro de renascimento. Foram 15 meses de reestruturação, novos sistemas, modernas linhas de montagem e, acima de tudo, a reconstrução da esperança.
A fábrica começa sua operação com a montagem de veículos elétricos e híbridos — inicialmente com o BYD Dolphin Mini e o Song Plus — utilizando peças vindas da China. A produção integral em solo brasileiro ainda é um plano para os próximos anos, mas o pontapé inicial está dado, com metas ambiciosas: 300 mil carros por ano até o final de 2026.
Mas o dado que mais toca o coração é humano: 20 mil empregos diretos.
Sim, vinte mil famílias poderão escrever uma nova história. Num Brasil em que o desemprego ainda carrega o rosto da desigualdade, sobretudo no Nordeste, esse projeto não é só uma fábrica: é um redentor silencioso que chega carregando nas engrenagens o grito de quem foi esquecido.
E é impossível não lembrar dos milhares de operários que perderam tudo quando a Ford partiu. Muitos choraram, muitos adoeceram, muitos desistiram. Agora, têm uma nova chance de se reinventar.
A CEO da BYD nas Américas, Stella Li, foi enfática: “A nossa missão é resfriar o mundo em 1ºC”. E Camaçari pode, com orgulho, dizer: estamos fazendo parte da mudança climática global — e isso num país onde a pauta ambiental tantas vezes é deixada de lado.
O investimento inicial de R$ 5,5 bilhões saltou para R$ 6,5 bilhões diante da demanda crescente por veículos sustentáveis no Brasil. Um sinal claro: o mundo está olhando para cá. E nós, enquanto povo, precisamos estar prontos — com políticas públicas de qualificação, inclusão e respeito ao trabalhador.
Mas fica o alerta: que esse desenvolvimento não exclua. Que o crescimento não engula os pequenos. Que a tecnologia não desumanize. Que os contratos não silenciem as vozes das comunidades ao redor. Que os lucros não sejam construídos à custa de precarização.
Como defensor dos direitos humanos, é fundamental que BYD e o poder público garantam equidade, justiça social, transparência e compromisso ambiental. Que mulheres, negros, jovens periféricos e pessoas com deficiência tenham acesso às vagas prometidas. Que a energia que move esses veículos seja também energia que move uma sociedade mais justa.
Camaçari volta a pulsar. Mas precisamos garantir que esse novo batimento não seja apenas industrial — seja humano.
"Se uma fábrica pode mudar o destino de uma cidade, imagine o que o respeito à dignidade pode fazer pelo mundo. Compartilhe essa ideia. Repense. Reaja. Reconstrua."
Foto: Internet







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