Crédito, Consumo e Conscientização: O Carro dos Sonhos Não Pode Ser o Início do Pesadelo
- Dimas Carvalho
- 25 de jun.
- 2 min de leitura

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.
Em um Brasil onde o desejo de mobilidade pessoal se mistura à pressão social do status, a alta da taxa Selic para 15% ao ano ressoa como um alerta urgente — não apenas financeiro, mas também social. Essa elevação, a maior desde 2006, transforma o simples ato de comprar um carro em um risco orçamentário real para milhões de brasileiros.
Quando o financiamento vira armadilha, o sonho sobre rodas se transforma em um ciclo de endividamento. Para a maioria da população que sobrevive com até quatro salários mínimos, adquirir um automóvel financiado pode significar sacrificar educação, saúde, alimentação e dignidade. O drama da parcela que “cabe no bolso” ignora os bastidores cruéis da matemática bancária: juros compostos, correções e o impiedoso spread brasileiro, um dos mais altos do mundo.
A armadilha do crédito fácil
Segundo o economista Edval Landulfo, quem financia um veículo hoje pode acabar pagando até três vezes o valor original. Ainda assim, diante da propaganda sedutora e da urgência criada por necessidades de locomoção ou aparência social, muitos seguem assinando contratos sem compreender as consequências.
Quando o consumo compromete direitos
É aqui que a pauta dos direitos humanos entra. O acesso ao transporte é importante, sim — mas à custa de quê? Quando um bem de consumo compromete o direito à moradia digna, à alimentação básica ou à tranquilidade mental, ele deixa de ser solução e passa a ser opressão camuflada.
O papel da educação financeira como ferramenta de liberdade
Laura Lavigne, economista e educadora financeira, reforça: "Se não for para uso comercial, o carro é uma despesa pessoal pesada, que pode se tornar um problema em tempos de juros altos." Ela lembra que os custos ocultos de um veículo — IPVA, seguro, combustível, manutenção — fazem parte da conta. E quando não se tem planejamento, o carro estaciona direto na garagem da inadimplência.
Por outro lado, exemplos como o da contadora Camila Ataides mostram que é possível fazer escolhas conscientes. Com uma entrada robusta, planejamento e compromisso com seus limites, ela conseguiu financiar sem sufocar o orçamento. A lição aqui é clara: informação e cautela são formas de resistência.
Reflexão necessária
Não é apenas sobre juros. É sobre escolhas que preservem a dignidade. Sobre políticas públicas que democratizem o transporte. Sobre um sistema financeiro que respeite o cidadão. Em tempos de crise, cada decisão econômica é também uma decisão política e social.
“Quando o consumo te prende, a liberdade perde o volante. Reflita: vale a pena dirigir rumo a um abismo disfarçado de conquista?”
Compartilhe. Questione. Planeje. Porque o carro que você financia hoje não pode ser o freio do seu futuro amanhã.
Foto: Internet
Carrões. Sempre tivemos décadas arrojadas. Casa qual com seus modelos. O grande vilão, o consumo, o combustível, um binômio difícil de equacionar iara a maioria da população.
Grandes empresas na produção, promessas governamentais do preço do combustível ideal. Sempre a desejar...e a caravana passa...