Corridas de rua em Salvador: esporte, resistência e inclusão – ou mais um luxo para poucos?
- Nilson Carvalho

- 1 de set.
- 2 min de leitura

Por: Nilson Carvalho – Jornalista, Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura, Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro
Setembro chegou trazendo não só a primavera, mas também um verdadeiro festival de corridas de rua em Salvador. Entre os destaques, estão a já conhecida Maratona de Salvador, o Circuito das Estações e a Corrida da Águia. Para quem olha de fora, pode parecer apenas esporte e lazer. Mas, quando olhamos de perto, percebemos que essas provas falam muito mais sobre a cidade, sobre saúde pública, sobre desigualdade e até sobre o direito de ocupar os espaços.
📅 O calendário esportivo da cidade
07/09 – II Corrida 100% Você
07/09 – Plastic Run
13/09 – Track&Field Shopping Paralela
14/09 – Corrida da Águia / Corrida Farmácia Brito / Corrida Hub Lighthouse
20/09 – Maratona Salvador
21/09 – Maratona Salvador
28/09 – Circuito das Estações (Primavera) / Corrida 40+ Salvador / Corrida Saúde Crônica
Corrida é saúde ou privilégio?
É inegável: o esporte é um poderoso remédio para corpo e mente. Correr significa cuidar da saúde, driblar o estresse e criar laços comunitários. Mas surge a pergunta que não quer calar: essas corridas estão ao alcance de todos?
Enquanto a elite paga inscrições caras e veste tênis de última geração, muita gente da periferia que gostaria de participar fica de fora. A corrida, que poderia ser ferramenta de inclusão, muitas vezes se torna vitrine para poucos.
O impacto social do movimento
Eventos assim movimentam turismo, comércio, restaurantes, hotéis e até o transporte. Gera renda, sim. Mas o benefício coletivo precisa ser maior. A cidade deveria investir em pistas acessíveis, espaços públicos seguros e programas que incentivem jovens de comunidades carentes a se envolver com o esporte. Correr não pode ser um luxo, precisa ser um direito democrático.
Esporte é mais que performance, é resistência!
Quando um trabalhador comum veste o tênis surrado e encara a rua, ele não está apenas correndo: está resistindo ao sistema que insiste em deixá-lo para trás. Cada passo é um grito de liberdade, um ato de afirmação de que saúde, lazer e ocupação do espaço público pertencem ao povo.
As corridas de setembro vão, sim, colorir Salvador e trazer fôlego novo para quem participar. Mas que essa energia não seja só para quem pode pagar. O verdadeiro desafio da cidade é transformar esses eventos em oportunidades reais de inclusão, saúde e dignidade para todos.
Porque quando a corrida é só para alguns, o povo inteiro fica para trás.
Compartilhe essa matéria e vamos juntos transformar esporte em ferramenta de igualdade.
Foto: Internet







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