Camaçari Começa a Ouvir Quem Sente Dor Todos os Dias: Um Sinal de Esperança ou Mais Uma Promessa no Papel?
- Dimas Carvalho

- 5 de jun.
- 2 min de leitura

Em meio à dor silenciosa de milhares de pessoas que convivem diariamente com doenças crônicas e graves, a Câmara Municipal de Camaçari começa a dar sinais de que está disposta a olhar para onde por muito tempo se virou as costas: o sofrimento real, contínuo e invisível de quem vive com a saúde fragilizada e a dignidade constantemente adiada.
Na 22ª Sessão Ordinária, realizada em 5 de junho, dois Projetos de Lei começaram a tramitar com o objetivo de aliviar parte da dura rotina de quem batalha contra doenças que limitam o corpo, o trabalho e, muitas vezes, até a esperança.
O Projeto de Lei Nº 60/2025, proposto pelo vereador Maurício Qualidade, sugere a criação do Auxílio Mamãe Pâncreas, destinado a crianças com Diabetes Tipo 1, para ajudar mães que, na prática, viram extensões dos corpos dos filhos — aplicando insulina, controlando alimentação, dormindo com medo, acordando com pavor.
Já o PL Nº 62/2025, do vereador Ivandel Pires, propõe gratuidade no transporte público para pessoas com doenças graves — uma medida simples, mas que pode significar a diferença entre continuar o tratamento ou abandoná-lo por falta de condições de locomoção. Para quem vive entre postos de saúde, clínicas e hospitais, até o ônibus pode ser um luxo.
Mas talvez o maior símbolo de humanidade e urgência tenha sido a aprovação da Indicação Nº 665/2025, dos vereadores Dentinho do Sindicato e Dr. Elias Natan, solicitando a criação de um Centro Municipal de Referência da Dor. Um espaço especializado para tratar doenças como Fibromialgia, Lúpus, Artrite Reumatoide, entre outras síndromes dolorosas, que hoje castigam silenciosamente mais de 7.500 pessoas só em Camaçari.
“As pessoas com dor crônica não estão exagerando, não estão inventando. Elas estão implorando por dignidade”, defendeu Dentinho com voz embargada.
Além disso, o plenário também aprovou em primeira votação o PL do Laço Branco, de autoria do vereador Herbinho, que propõe uma campanha de engajamento de homens contra a violência à mulher. Um gesto de importância simbólica em tempos onde o machismo ainda tenta silenciar e matar.
Será Que Estamos, Enfim, Aprendendo a Ouvir?
A dor física e emocional de quem vive com doença crônica é real, contínua e brutal. O que para muitos é uma simples assinatura num papel, para outros é a diferença entre a vida e a desistência.
Esses projetos ainda caminham, mas o povo que sofre já está parado há muito tempo, esperando por um olhar, uma política pública, uma chance.
Aos nossos representantes, fica o lembrete: legislar é cuidar, e cuidar é escutar com o coração. Que cada voto na Câmara signifique mais do que protocolo — que seja um passo rumo à empatia.
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A dor dos outros pode não ser sua — mas o silêncio diante dela também é escolha sua.
Texto: Dimas Carvalho – Escritor, Palestrante e Ativista Social
Foto: Heriks Trabuco
Colaboração: TV Bahia 3 / Jornalista Nilson Carvalho







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