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Camaçari, BA – Reflexo de Ozymandias

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As ruínas do faraó ecoam na costa de Camaçari.

Prédios e condomínios de luxo erguidos com ganância, não com propósito.

Políticos que se ajoelham diante do capital.

Empresários que moldam a cidade como se fossem deuses.

 

E o povo? Muitos assistem, calados, acreditando nas promessas que se repetem a cada eleição.

 

Mas como Ozymandias, tudo isso desmorona.

O tempo não respeita vaidades.

A areia cobre estátuas, e o esquecimento engole impérios.

A arte, a crítica e a memória — essas sim, resistem.

                   .

📜 Poema: Ozymandias – Percy Bysshe Shelley

(tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos)

 

Ao vir de antiga terra, disse-me um viajante:

Duas pernas de pedra, enormes e sem corpo,

Acham-se no deserto. E jaz, pouco distante,

Afundando na areia, um rosto já quebrado,

De lábio desdenhoso, olhar frio e arrogante:

Mostra esse aspecto que o escultor bem conhecia

Quantas paixões lá sobrevivem, nos fragmentos,

À mão que as imitava e ao peito que as nutria

No pedestal estas palavras notareis:

“Meu nome é Ozymandias, e sou Rei dos Reis:

Desesperai, ó Grandes, vendo as minhas obras!”

Nada subsiste ali. Em torno à derrocada

Da ruína colossal, a areia ilimitada

Se estende ao longe, rasa.





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