Camaçari, BA – Reflexo de Ozymandias
- Nilson Carvalho

- 1 de jul.
- 1 min de leitura

As ruínas do faraó ecoam na costa de Camaçari.
Prédios e condomínios de luxo erguidos com ganância, não com propósito.
Políticos que se ajoelham diante do capital.
Empresários que moldam a cidade como se fossem deuses.
E o povo? Muitos assistem, calados, acreditando nas promessas que se repetem a cada eleição.
Mas como Ozymandias, tudo isso desmorona.
O tempo não respeita vaidades.
A areia cobre estátuas, e o esquecimento engole impérios.
A arte, a crítica e a memória — essas sim, resistem.
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📜 Poema: Ozymandias – Percy Bysshe Shelley
(tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos)
Ao vir de antiga terra, disse-me um viajante:
Duas pernas de pedra, enormes e sem corpo,
Acham-se no deserto. E jaz, pouco distante,
Afundando na areia, um rosto já quebrado,
De lábio desdenhoso, olhar frio e arrogante:
Mostra esse aspecto que o escultor bem conhecia
Quantas paixões lá sobrevivem, nos fragmentos,
À mão que as imitava e ao peito que as nutria
No pedestal estas palavras notareis:
“Meu nome é Ozymandias, e sou Rei dos Reis:
Desesperai, ó Grandes, vendo as minhas obras!”
Nada subsiste ali. Em torno à derrocada
Da ruína colossal, a areia ilimitada
Se estende ao longe, rasa.
Autor: territorio.org.br







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