Camaçari: a cidade rica onde o povo pobre continua na lama

Por: Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos, Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro  

Camaçari é conhecida como um dos polos industriais mais fortes do Brasil. Uma cidade que gera bilhões em riquezas, mas que carrega uma contradição cruel: enquanto milhões circulam nos cofres públicos, famílias inteiras vivem há décadas atoladas no descaso.

Na zona rural, especialmente na entrada da Alameda do Rio, em Cascalheira, centenas de famílias convivem diariamente com a lama, o barro e o abandono. Crianças precisam pular poças para chegar na escola, idosos arriscam a saúde tentando atravessar ruas destruídas e carros ficam impossibilitados de transitar. Para muitos moradores, até ir à igreja virou um desafio, como é o caso dos fiéis da Assembleia de Deus, que precisam literalmente fazer malabarismo para conseguir chegar ao culto.

Do outro lado da rua está a APTI, testemunha silenciosa de mais de 20 anos de descaso. O cenário é ainda mais grave com dezenas de caçambas que retiram barro da região, degradando a vegetação, ampliando riscos ambientais e ameaçando a vida das famílias que moram por perto.

Enquanto isso, a pergunta ecoa: onde está a prefeitura? onde estão os vereadores? e o Ministério Público? Será que é preciso esperar uma tragédia para que os olhos das autoridades se voltem para essas pessoas?

Dona Célia, dona Francisca, seu Paulo, seu José e tantas outras famílias carregam a dor estampada no rosto. A indignação já se mistura com a descrença, fruto de promessas quebradas e discursos vazios que se repetem a cada eleição.

A verdade é dura e inegável: em Camaçari, uma cidade rica, o povo pobre continua vivendo na lama — literalmente.

“Até quando aceitaremos conviver com a desigualdade como se fosse normal? É hora de transformar indignação em voz, e voz em ação.”

“Você que mora em Camaçari e conhece essa realidade, compartilhe! As autoridades precisam saber que aqui existem seres humanos. Se omitir é crime, aceitar o errado é ser cúmplice.”

Fotos: Jornalista Nilson Carvalho