Com a temática “O Caboclo é nosso, é de Camaçari”, este ano o evento histórico da passagem do Fogo Simbólico do 2 de Julho em Camaçari destaca o protagonismo do caboclo tupinambá Joaquim Eusébio de Santa Anna – capitão-mor das tropas dos índios da Vila de Abrantes – no processo que culminou na expulsão dos portugueses da Bahia e na Independência do Brasil, momento histórico que comemora 201 anos.
A proposta do tema é do professor, historiador, pesquisador e escritor camaçariense Diego Copque, que, em sua obra literária “A presença do Recôncavo Norte da Bahia na Consolidação da Independência do Brasil”, destaca a importância histórica do capitão-mor dos índios da Vila de Abrantes.
De acordo com o pesquisador, responsável, ainda, pela inclusão das cidades do Recôncavo Norte na passagem do fogo simbólico – incluindo Camaçari, Dias d’Ávila, Mata de São João e Lauro de Freitas – Joaquim Eusébio de Santa Anna, natural de Vila de Abrantes, distrito de Camaçari nos dias atuais, é um dos heróis das lutas pela consolidação da Independência do Brasil na Bahia, frequentemente negligenciado pela historiografia oficial.
Desta forma, segundo Diego Copque, destaca-se a importância de enaltecer a figura do indígena no processo de celebração. “Quando se faz referência à figura dos caboclos, não podemos esquecer que a maioria desses guerreiros, que atuaram na guerra, eram oriundos da Vila de Abrantes, a primeira vila indígena do Brasil, e também dos antigos aldeamentos do Recôncavo Norte, como Espírito Santo, Rembé (Arembepe), Barra do Pojuca, Monte Gordo, Capuame e Açu da Torre, que desde o século XVI eram arregimentados pela Casa da Torre de Garcia d’Ávila para a defesa da capitania e depois Província da Bahia”, explica.
Conforme Diego Copque, o caboclo Joaquim Eusébio de Santa Anna, o médico Cipriano José Barata de Almeida, e o tenente José Pedro de Alcântara foram os responsáveis pela prisão, durante a Revolução Constitucionalista de 10 de fevereiro de 1821, na cidade de Salvador, do coronel do Regimento de Artilharia da Bahia, Antônio Luís Pires Borralho.
Em um gesto de autonomia, e justa cobrança pelos direitos do grupamento de defesa da localidade, o referido acontecimento resultou, mais tarde, em um requerimento ao Conselho Interino de Governo da Bahia, solicitando que a Câmara de Abrantes cumprisse seu próprio regimento e efetuasse o pagamento em atraso do primeiro quartel da Vila de Abrantes.
Deste modo, a integração das cidades do Recôncavo Norte nos festejos do 2 de Julho, oficializada em 2023, é fruto de uma correspondência, apresentada por Diego Copque, à Fundação Gregório de Mattos (FGM), que, com base nos estudos do historiador, os prepostos das cidades participantes criaram um Consórcio Intermunicipal, através do qual reivindicaram o reconhecimento da contribuição dos povos do passado, que viveram nas referidas regiões, nas lutas para expulsão dos portugueses do território baiano. em sua obra literária
Em reconhecimento à participação de Camaçari no processo de conquista da Independência do Brasil, este será o segundo ano que o município recepciona a passagem do Fogo Simbólico do 2 de Julho. Para marcar o momento, no dia 30 de junho (domingo), no Paço Municipal da Prefeitura de Camaçari, acontecerá uma celebração que envolverá cultura, educação e esporte, com ampla programação contando com participação de grupos culturais, ato cívico solene, bem como envolvimento de atletas e estudantes.
Trazida de Dias d’Ávila, após passar por Mata de São João, a tocha passará por bairros e avenidas de Camaçari, seguindo para Lauro de Freitas. No dia 1º de julho, se fundirá ao fogo simbólico vindo de Cachoeira, no município de Simões Filho, integrando o percurso tradicional até chegar a Salvador.
Foto: Franklin Almeida
Diretoria de Comunicação - Prefeitura de Camaçari
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