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Bebês Reborn e a Ilusão do Afeto: Um Sinal de Alerta à Luz da Neurociência!



Nos últimos anos, os bonecos hiper-realistas conhecidos como bebês reborn têm conquistado um espaço significativo nas redes sociais e até mesmo nos lares de muitos brasileiros. O que à primeira vista pode parecer uma forma inofensiva de expressão artística ou afeto simbólico, à luz da neurociência e da psiquiatria clínica, exige uma análise mais cautelosa — e sim, preocupada.

O cérebro humano, sobretudo o cérebro feminino em situações de luto ou carência afetiva, responde com extrema sensibilidade a estímulos que envolvem apego, maternidade e vínculo emocional. O contato constante com bonecos reborn pode acionar áreas neurológicas semelhantes às ativadas durante a interação com bebês reais como o sistema límbico, responsável pelas emoções, e a liberação de ocitocina, conhecida como o hormônio do afeto.


Mas há um ponto crítico: quando esse vínculo simbólico ultrapassa o campo do lúdico e se torna substitutivo da realidade, o cérebro começa a reprogramar percepções. Em termos simples, a linha entre a imaginação saudável e a dissociação cognitiva pode se tornar perigosamente tênue.


Diversos estudos em psicologia clínica já apontaram que, em casos de luto mal resolvido, solidão extrema ou transtornos mentais como o transtorno de apego reativo, o uso de bonecos hiper-realistas pode agravar a alienação da realidade, alimentando fantasias compensatórias que isolam ainda mais o indivíduo.


Do ponto de vista conservador e ético, é legítimo perguntar:Até que ponto a sociedade deve normalizar a substituição da vida real por simulações emocionais?Estamos falando apenas de "brincadeira" — ou de uma cultura que, aos poucos, está criando substitutos para relações humanas reais, tornando o afeto uma ilusão fabricada?

A preocupação vai além do boneco em si. Trata-se de um sinal claro de que muitas pessoas estão emocionalmente à deriva, buscando no artifício um alívio temporário para dores profundas que deveriam ser tratadas com escuta, acompanhamento psicológico e redes de apoio verdadeiras.


Não se trata de condenar quem possui um bebê reborn, mas de lançar um alerta social e clínico: quando a carência afetiva encontra consolo em simulacros, é preciso reavaliar os rumos emocionais e culturais que estamos tomando como sociedade.

A arte, a empatia e o cuidado são fundamentais.


Mas a realidade, por mais dura que seja, ainda é o único território onde a cura verdadeira pode acontecer.


Foto: Internet

Por: Jornalista Nilson Carvalho


 
 
 

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