“Barraca derrubada, direitos ignorados: a luta invisível de Gean Mendes por dignidade”
- Dimas Carvalho

- 13 de jul.
- 2 min de leitura

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.
Na areia quente da Praia de Santo Antônio, em Mata de São João, não há apenas sol e mar — há também o peso invisível da injustiça social. Gean Mendes, um trabalhador que dedicou anos à construção da barraca Okabana, vê-se agora esmagado entre a burocracia do poder público e o silêncio das decisões judiciais que, supostamente, deveriam protegê-lo.
O caso expõe mais do que uma disputa territorial: revela um modelo de gestão que, sob o pretexto da “ordem” e da “sustentabilidade”, pode estar mascarando remoções arbitrárias, descumprimento de decisões liminares e, sobretudo, o desrespeito ao direito básico de subsistência de um cidadão. Gean não é apenas mais um barraqueiro. Ele é pai, sustento de uma família, e símbolo de um Brasil onde o pequeno sempre precisa gritar para ser ouvido — e mesmo assim, nem sempre é.
A Guarda Municipal, a mando da prefeitura, apreendeu seu material. Impedido de trabalhar, Gean passou a operar, precariamente, em um terreno próximo, recusando o que seria um termo de concessão condicionado à renúncia de seus direitos — um verdadeiro “contrato de silêncio”. O boxe oferecido, longe da praia e da clientela, não é solução, é exílio.
O embate jurídico revela um abismo entre o discurso e a prática. Enquanto a prefeitura defende um projeto de requalificação “moderno e sustentável”, o advogado de Gean denuncia a desumanização do processo. A padronização ignorou as raízes dos trabalhadores, desconsiderou o impacto ambiental das novas construções, e privilegiou interesses que, segundo denúncias, podem envolver favorecimentos políticos e desapropriações suspeitas.
O povo que vive do turismo de praia não pode ser tratado como invasor de um território que ajudou a construir cultural e economicamente. Cada barraca, cada cadeira na areia, é fruto de suor, história e pertencimento. Negar isso é negar o direito à dignidade.
Quantos Geans ainda terão suas barracas derrubadas em silêncio? Quantas famílias serão empurradas à margem, enquanto discursos bonitos mascaram violências institucionais?
“Onde a justiça não alcança os mais humildes, a legalidade vira opressão. Leia, compartilhe e reflita: de que lado estamos quando o direito do outro é negado?”
Foto: Internet







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