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Bahia vive explosão de afastamentos por doenças mentais: aumento de 200% em 10 anos escancara crise silenciosa no trabalho

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Por: Nilson Carvalho – Jornalista, Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura, Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro

 

Nos bastidores da vida corrida, entre metas inalcançáveis, pressão diária e a solidão que cresce mesmo em meio às multidões, a Bahia está diante de um alerta vermelho: em dez anos, os afastamentos de trabalhadores por doenças mentais dispararam mais de 200%. Isso não é apenas estatística. É gente real, famílias inteiras sofrendo, sonhos sendo interrompidos e uma sociedade pagando um preço altíssimo.

 

De acordo com dados do SmartLab BR, do Ministério Público do Trabalho, foram 5 mil afastamentos em 2014 contra mais de 15 mil em 2024. A maior parte das vítimas está no setor bancário, seguida por profissionais de hospitais e da administração pública. Estamos falando de pessoas que deveriam estar cuidando de vidas, movimentando a economia, mas que, na verdade, estão lutando para salvar a própria saúde mental.

 

A engrenagem que adoece

 

A pandemia acelerou um processo que já vinha acontecendo: o chamado “trabalho plataformizado”, metas inalcançáveis, assédio moral disfarçado de cobrança e a ameaça constante da substituição por máquinas e inteligência artificial. O que deveria ser avanço tecnológico virou combustível para o esgotamento.

 

“Um ambiente assediador é propício ao adoecimento”, alerta a procuradora do trabalho Carolina Novais.

 

Psiquiatras e psicólogos apontam: o burnout – o famoso esgotamento mental – virou quase um passaporte para o INSS. Transtornos de ansiedade e depressão se multiplicam em ritmo assustador.

 

O impacto direto no bolso do povo

 

Cada trabalhador afastado significa menos renda, mais dependência da previdência e, consequentemente, impacto na economia de todos. Adoecimento mental não é só problema individual – é um problema coletivo. Uma engrenagem que trava o sistema e aumenta a desigualdade.

 

Além disso, muitos relatam não encontrar apoio humano ao retornar ao trabalho. Falta acolhimento, falta preparo das empresas e, principalmente, falta compromisso real com a dignidade de quem carrega o peso do crescimento econômico nas costas.

 

Bancários no limite

 

Entre os mais afetados estão os bancários. Pressionados por metas abusivas e ameaçados pela automação, eles vivem um ambiente de medo constante. O Sindicato dos Bancários denuncia que a exigência de vender produtos que o cliente muitas vezes nem precisa gera sofrimento e culpa. Essa lógica desumana transforma gente em números e saúde em estatística.

 

O que precisa mudar?

 

Apesar da gravidade, ainda há espaço para transformação. Novas leis, como a Lei 14.457/2022, obrigam empregadores a combater o assédio moral. Além disso, mudanças na Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) prometem obrigar empresas a criar medidas preventivas de saúde mental. Mas até lá, muita gente seguirá no limbo.

 

A grande verdade é que não existe desenvolvimento sem humanidade. Não adianta ter prédios inteligentes, máquinas velozes e lucros bilionários, se as pessoas estão adoecendo e sendo descartadas como peças de reposição.

 

Esse aumento de afastamentos é mais do que um dado – é um grito silencioso da classe trabalhadora pedindo socorro. O povo não pode ser refém de um sistema que lucra com o suor, mas adoece com a dor.

 

Está na hora de parar, refletir e cobrar mudanças. Porque quando a saúde mental do povo desmorona, toda a sociedade paga a conta.

 

Compartilhe essa matéria. O silêncio nunca foi cura – mas a consciência pode ser o primeiro passo para a transformação.

 

Foto: Internet

1 comentário


Gratia Cynthia
01 de set.

Assustadora essa estatística! Realmente ter saúde mental hoje em dia se tornou algo raro.

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