
A ambulante Fernanda Cerqueira, de 39 anos, denunciou ao BNews as condições degradantes que precisa enfrentar para poder trabalhar no Carnaval de Salvador. Ela é uma das centenas de vendedores que fazem da festa momesca uma oportunidade de renda extra, mas neste ano, os desafios encontrados beiram o insuportável.
Para a reportagem, Fernanda relatou que o lugar onde instalou seu ponto de venda - ao lado de um grande camarote na Ondina - fica perto de um local onde os foliões utilizam para fazer xixi. Segundo ela, a urina fica empoçada na barraca e atrapalha as vendas.
“Não disponibilizaram banheiro suficiente. Os foliões estão fazendo xixi, perto das barracas e estou trabalhando dentro do xixi. Me senti muito triste e chateada porque vejo os clientes saindo, não estão vindo comprar por causa do fedor do xixi que está insuportável”, reclamou.
Ela também criticou a prefeitura pela falta de acolhimento aos trabalhadores informais. “A gente fica aqui muito vulnerável e não somos acolhidos quando chegamos no órgão para poder reclamar, eles dizem para ligar para o 135 e fazer a reclamação na prefeitura que viria resolver isso aqui, mas não resolve. Às vezes chamamos um órgão para questionar, reclamar de algum problema e somos tratados mal”.
“Hoje pela manhã, eu pedi ao fiscal da limpeza para o pessoal me emprestar uma vassoura para poder fazer a retirada da bolsa de xixi que está aqui no meu isopor. Eu estou pisando no xixi, inclusive com medo de pegar algum tipo de bactéria, algum tipo de doença. Ele me disse que não poderia me emprestar a vassoura, porque não seria obrigação dele, ele disse que a obrigação que ele tem é limpar o asfalto e não a calçada”, relatou.
Outra questão de reclamação da ambulante é referente a falta de fiscalização com a venda de cervejas, que segundo ela, vem prejudicando os ambulantes. “O folião chega, compra uma caixa de cerveja, compra o gelo, bebe a noite toda, e a gente que tá aqui deixa de vender, porque ele não vai deixar de comprar no atacado, para comprar na nossa mão a unidade que vai sair muito mais caro para ele”, pontuou.
“Eu fui lá na cervejaria, conversei, mas eles disseram que não sabem muito sobre isso, porque eles não sabem quem é ambulante e quem é folião. Eu garanto que dá para saber, porque só deveria comprar mercadoria com a credencial. Então, a gente perde muito”.
A reclamação de Fernanda se estende também para o Festival Virada Salvador, que aconteceu na Boca do Rio. Ela relata que os ambulantes foram impedidos de utilizar os pontos de água disponibilizados gratuitamente no evento.
“Eu chorei muito. Foi uma festa assim que eu me senti muito humilhada. Eles disponibilizaram um ponto de água, onde esse ponto de água só era aberto 5 horas da tarde para folião beber e ainda dava direito a um copo ainda ao folião, e a gente como ambulante naquele sol escaldante, passava o dia todo sem poder beber nenhuma água”.
“Eu sou mãe atípica, sou mãe solo, quando eu venho para uma festa dessa para trabalhar, eu pego que eu recebo do INSS para poder estar aqui, para poder ter o retorno, para comprar uma roupa, pagar a terapia do meu filho, que é tudo por minha conta. Minha expectativa é que a gente possa ser mais um pouco ouvido e entendido”, desabafou.
Reportagem completa no link abaixo:
por Henrique Brinco e Anderson Ramos
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