Alameda do Rio ou Alameda dos Buracos? Zona Rural de Camaçari - Bahia
- Nilson Carvalho

- 8 de set.
- 2 min de leitura

Por: Jornalista Nilson Carvalho – Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura, Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro
Quando o abandono fala mais alto que a esperança
É triste e revoltante! Duas décadas se passaram e nada mudou para o povo humilde, trabalhador e lavrador da zona rural de Camaçari, mais especificamente nas comunidades da Alameda do Rio e Água Fria. A cada governo que entra e sai, a promessa é a mesma: melhoria das estradas, qualidade de vida, dignidade. Mas o que vemos? Buracos, lama, descaso e abandono.
Na última semana, ao levar um eletricista para avaliar a rede elétrica da APTI – Associação Artes para Todas as Idades, que completa 23 anos de existência com trabalhos sociais em escolas e comunidades de Camaçari, quase não conseguimos passar. O motivo? A buraqueira que tomou conta das estradas, transformando um direito básico de ir e vir em um verdadeiro campo de batalha.
O problema vai além da dificuldade de locomoção. Ele atinge diretamente mulheres, idosos, trabalhadores, agricultores, estudantes e até ambulâncias, que muitas vezes não conseguem acessar as casas em casos de emergência. “Já imaginou chegar ao trabalho todo sujo de lama? É assim que a gente vive”, desabafa dona Cláudia, moradora da comunidade.
Seu Roselito, cansado de falsas promessas, dispara: “Sempre aparece um vereador, tira foto, finge que vai resolver e nunca volta. Já perdi a esperança.”
A realidade é dura: carros quebram, motos atolam, famílias deixam de ir ao culto na igreja, crianças faltam às aulas da APTI, e até voluntários param de dar oficinas porque não conseguem chegar ao espaço. Enquanto isso, o mato cresce sem poda, servindo de esconderijo para assaltantes, aumentando ainda mais a insegurança.
E como se não bastasse, o meio ambiente também sofre: dezenas de caçambas retiram barro das encostas sem fiscalização, colocando a vida da população em risco com ameaças de deslizamentos e acidentes.
O Jornal Papo de Artista Bahia já esteve diversas vezes no local, denunciou, cobrou providências, enviou reportagens às autoridades competentes. Mas a resposta é sempre o silêncio. Estão esperando uma tragédia acontecer para depois culpar a natureza ou até mesmo Deus?
A pergunta que não quer calar: cadê a Prefeitura? Cadê os vereadores? Cadê o Ministério Público?
Enquanto o poder público fecha os olhos, o povo grita por socorro. E não é só por uma estrada melhor – é por respeito, dignidade e vida. O abandono dessas comunidades não é apenas um problema local, é um reflexo da forma como o Brasil trata quem planta e colhe o alimento que chega à mesa de toda a sociedade.
O povo da zona rural não aguenta mais! É hora de transformar a indignação em mobilização, de mostrar que não somos invisíveis. A Alameda do Rio e Água Fria não podem continuar sendo a “Alameda dos Buracos”.
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Fotos: Jornalista Nilson Carvalho























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