Aeroporto de Salvador vai limitar tempo de carros: avanço ou prejuízo para o povo?
- Nilson Carvalho

- 5 de set.
- 2 min de leitura

Por: Jornalista Nilson Carvalho. Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura – Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro
A nova regra: beije e voe… rápido!
O Aeroporto de Salvador vai implantar, a partir de janeiro, o sistema Kiss & Fly – traduzindo, “beije e voe”.
Na prática, significa que quem for deixar ou pegar alguém no aeroporto terá apenas 10 minutos para permanecer no meio-fio. Passou disso, o carro será multado.
Segundo a Vinci Airports, concessionária que administra o terminal, a mudança é necessária porque o fluxo de veículos chega a 1.100 por hora nos horários de pico. O objetivo, de acordo com a empresa, é melhorar o trânsito, evitar congestionamentos e coibir a ação de transportes clandestinos.
Mas e o povo nisso tudo?
Aqui é preciso levantar uma questão fundamental: essa medida ajuda ou atrapalha o cidadão comum?
De um lado, o aeroporto fala em organização e agilidade. Mas, do outro, a regra coloca mais uma barreira para quem já enfrenta engarrafamentos, correria, malas pesadas, idosos e crianças.
Imagina uma família vinda do interior, que chega de ônibus à rodoviária e pega carona para o aeroporto. Dez minutos são suficientes para organizar tudo?
Ou uma pessoa com mobilidade reduzida, que precisa de mais tempo para embarcar ou desembarcar?
A vida real nem sempre cabe na régua da Vinci.
A conta vai sobrar para quem?
A multa anunciada é “simbólica”, cerca de R$ 10. Mas, para muita gente, R$ 10 é o pão da semana.
E não nos enganemos: pequenas cobranças somadas a cada regra “simbólica” viram um peso enorme no bolso do povo trabalhador.
Enquanto isso, motoristas de aplicativos e taxistas não serão multados – o que deixa claro que a medida pode acabar beneficiando uns e penalizando outros.
O olhar crítico de quem luta pelo direito à cidade
Como ativista social, não posso deixar de enxergar essa decisão com preocupação.
O aeroporto é espaço público de circulação, não é shopping de luxo.
Se o objetivo é organizar o trânsito, ótimo. Mas a solução não pode ser transformar o direito de ir e vir em mais uma cobrança disfarçada de organização.
O povo baiano já paga caro em passagens aéreas, em taxas abusivas e ainda convive com a precariedade do transporte coletivo. Agora, será que precisa mesmo pagar até pelo tempo de se despedir de um ente querido?
Essa medida pode até trazer ordem para o trânsito, mas precisa ser olhada com lupa: não podemos aceitar que mais uma vez seja o povo a pagar a conta em nome da “modernidade”.
Direito de ir e vir não pode virar mercadoria.
Compartilhe essa matéria e ajude a abrir o debate: afinal, o Aeroporto de Salvador está organizando o trânsito ou criando mais um peso para quem já vive de sacrifício?
Foto: Internet







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