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Aeroporto de Salvador vai limitar tempo de carros: avanço ou prejuízo para o povo?

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Por: Jornalista Nilson Carvalho. Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura – Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro

 

A nova regra: beije e voe… rápido!

 

O Aeroporto de Salvador vai implantar, a partir de janeiro, o sistema Kiss & Fly – traduzindo, “beije e voe”.

Na prática, significa que quem for deixar ou pegar alguém no aeroporto terá apenas 10 minutos para permanecer no meio-fio. Passou disso, o carro será multado.

 

Segundo a Vinci Airports, concessionária que administra o terminal, a mudança é necessária porque o fluxo de veículos chega a 1.100 por hora nos horários de pico. O objetivo, de acordo com a empresa, é melhorar o trânsito, evitar congestionamentos e coibir a ação de transportes clandestinos.

 

Mas e o povo nisso tudo?

 

Aqui é preciso levantar uma questão fundamental: essa medida ajuda ou atrapalha o cidadão comum?

De um lado, o aeroporto fala em organização e agilidade. Mas, do outro, a regra coloca mais uma barreira para quem já enfrenta engarrafamentos, correria, malas pesadas, idosos e crianças.

 

Imagina uma família vinda do interior, que chega de ônibus à rodoviária e pega carona para o aeroporto. Dez minutos são suficientes para organizar tudo?

Ou uma pessoa com mobilidade reduzida, que precisa de mais tempo para embarcar ou desembarcar?

A vida real nem sempre cabe na régua da Vinci.

 

A conta vai sobrar para quem?

 

A multa anunciada é “simbólica”, cerca de R$ 10. Mas, para muita gente, R$ 10 é o pão da semana.

E não nos enganemos: pequenas cobranças somadas a cada regra “simbólica” viram um peso enorme no bolso do povo trabalhador.

 

Enquanto isso, motoristas de aplicativos e taxistas não serão multados – o que deixa claro que a medida pode acabar beneficiando uns e penalizando outros.

 

O olhar crítico de quem luta pelo direito à cidade

 

Como ativista social, não posso deixar de enxergar essa decisão com preocupação.

O aeroporto é espaço público de circulação, não é shopping de luxo.

Se o objetivo é organizar o trânsito, ótimo. Mas a solução não pode ser transformar o direito de ir e vir em mais uma cobrança disfarçada de organização.

 

O povo baiano já paga caro em passagens aéreas, em taxas abusivas e ainda convive com a precariedade do transporte coletivo. Agora, será que precisa mesmo pagar até pelo tempo de se despedir de um ente querido?

 

Essa medida pode até trazer ordem para o trânsito, mas precisa ser olhada com lupa: não podemos aceitar que mais uma vez seja o povo a pagar a conta em nome da “modernidade”.

 

Direito de ir e vir não pode virar mercadoria.

 

Compartilhe essa matéria e ajude a abrir o debate: afinal, o Aeroporto de Salvador está organizando o trânsito ou criando mais um peso para quem já vive de sacrifício?

 

Foto: Internet

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