Adeus a César Romero: Bahia perde um gênio das artes, e o povo perde um pedaço da sua alma cultural
- Nilson Carvalho

- 8 de out.
- 3 min de leitura

A Bahia amanheceu mais silenciosa e entristecida.
O artista plástico, colunista e intelectual César Romero, um dos nomes mais marcantes da arte baiana e brasileira, morreu na noite da terça-feira (7), em Salvador, após se engasgar enquanto comia em casa.
Ele tinha 75 anos e estava acompanhado de uma cuidadora no momento do ocorrido.
De acordo com informações iniciais, Romero teria se engasgado durante a refeição e, apesar dos esforços da equipe do Samu, não resistiu. A Polícia Civil investiga o caso, e o laudo oficial deve confirmar se o engasgo foi mesmo a causa da morte ou se houve um possível aneurisma, como suspeitam alguns amigos próximos.
Um artista que pintou a Bahia com alma e sabedoria
Nascido em Feira de Santana em 1950, César Romero iniciou sua trajetória artística em 1967 e construiu uma carreira que ultrapassou fronteiras.
Participou de exposições no Brasil e no exterior, passando por Washington, Berlim, Barcelona, Madri, Bilbao e Lisboa.
Era membro da AIAP (Associação Internacional de Artes Plásticas) e da Unesco, e em 1979 foi eleito Personalidade do Ano, recebendo o título de Homem Destaque do Nordeste.
Em 2001, fez história ao lançar uma grande mostra no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), acompanhada de livro, vídeos e CD-ROM — um marco na arte multimídia baiana.
Além de pintor, Romero era escritor, designer e cantor, com discos gravados que revelavam sua sensibilidade e amor pela MPB e pela cultura nacional.
A partida de um intelectual que acreditava na arte como libertação
O artista José Dirson Argolo, amigo próximo, lamentou profundamente a perda:
“A Bahia perde um grande intelectual, um grande artista e, além de tudo, uma pessoa humana extraordinária.”
A crítica de arte Matilde Matos descreveu Romero como um criador que fazia da arte um ato de decifrar o invisível:
“A arte de César Romero se baseia num constante processo de síntese em torno dos seus símbolos.”
Mais do que um pintor, César Romero era um tradutor da alma baiana, um guardião das cores, das emoções e da história viva do nosso povo.
Sua partida não é apenas uma perda artística — é um golpe na nossa memória cultural, que precisa ser preservada e respeitada.
Um alerta à sociedade: cuidar da vida também é arte
A morte do artista serve como alerta: a fragilidade humana não escolhe idade, talento ou status.
É preciso falar sobre cuidados com idosos, sobre acolhimento e sobre a importância de reagir rapidamente em casos de engasgo, que podem acontecer em qualquer casa.
O que aconteceu com César Romero pode salvar outras vidas se virar aprendizado.
O adeus de um povo grato
O corpo do artista será velado e sepultado em Salvador, em horário ainda a ser definido pela família.
Enquanto isso, a Bahia se despede de um de seus maiores mestres — um homem que transformou sentimentos em arte e cores em eternidade.
“A arte morre quando o amor pelo humano se apaga. Que a partida de César Romero desperte em nós o desejo de valorizar a vida, a cultura e quem faz dela um presente para o mundo.”
Por: Jornalista Nilson Carvalho: Artista Plástico
Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura
Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro







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