“Achei que fosse alergia…” – Quando o corpo grita e a pressa do mundo cala
- Nilson Carvalho

- 25 de jun.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Embaixador da Cultura e dos Direitos Humanos
Numa rotina marcada por batalhas invisíveis e pela urgência de sobreviver, Nathálya Moreira dos Santos, 29 anos, mãe de duas meninas e feirante no Rio de Janeiro, foi vencida pela lógica cruel do cotidiano: ignorar a si mesma para dar conta de tudo. Uma coceira aqui, um cansaço ali, um suor noturno acolá... O que parecia alergia ou estresse, se revelou um linfoma de Hodgkin em estágio 4.
Durante mais de um ano, Nathálya viveu com sintomas que seu corpo insistia em mostrar, mas que a correria da vida — e a falta de informação — a ensinou a minimizar. A dor ao beber álcool, os linfonodos aparecendo e sumindo, a exaustão constante. Sinais silenciosos que, para muitos, ainda são invisíveis.
O câncer silencioso que grita tarde demais
A história de Nathálya é também a história de milhares de brasileiros que aprendem a suportar, a ignorar dores e sintomas, principalmente quando são pobres, mães, negras, ou vivem à margem de um sistema de saúde sobrecarregado e desigual. O diagnóstico tardio não é culpa da vítima, mas resultado de uma estrutura que ainda não prioriza a educação em saúde preventiva e o olhar humanizado sobre os sinais do corpo.
Duas filhas, um motivo: viver
Mãe de Elisa, de 8 anos, e Isis, de 2, Nathálya se equilibra entre o medo da morte e o desejo profundo de viver. Contou à filha mais velha que ficaria sem cabelo e cansada, mas pediu orações. Elisa, uma menina autista, respondeu com pesquisa, empatia e a pergunta que corta qualquer coração:
"Mamãe, promete que você não vai morrer e me deixar?"
Essa frase não é só de uma criança. É o grito das milhares de famílias que vivem com o câncer em casa e não encontram apoio psicológico, informação, políticas públicas adequadas ou suporte emocional.
Quando a dor se transforma em voz
A força de Nathálya ecoa agora nas redes sociais. Seus vídeos — alguns com milhões de visualizações — não são apenas desabafos, mas atos de conscientização, especialmente voltados a jovens e adolescentes, público mais afetado pelo linfoma de Hodgkin. O que faltou a ela foi acesso à informação. O que ela oferece hoje é o que pode salvar outros.
Refletir é urgente. Agir, essencial.
Quantas Nathályas mais precisarão adoecer para que a sociedade aprenda a ouvir os pequenos sinais? Quantos corpos ainda terão seus gritos abafados pela pressa, pelo preconceito, pela falta de recursos?
"Quando o corpo sussurra, escute. O silêncio custa vidas. Que a dor de hoje seja o alerta que pode salvar alguém amanhã."
Compartilhe. Comente. Cuide. O câncer não espera. E a vida, quando ouvida a tempo, pode florescer.
Foto: Internet







A história Nathalya é recorrente. A medicina parece engatinhar quando se fala em oncologia. Já vivemos muitas histórias em que a doença judiou bastante de seus acometidos. Sabemos que oa investimentos em saúde não param, mas precisamos mais. Urge livrar o ser humano desse não que nos acomete há séculos. Urge o progresso da medicina na detecção e solução do problema. Que nossos cientistas tenham cada vez mais sucesso e o ser humano possa viver cada vez mais com qualidade de vida.