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A UPA dos PHOCs e o plco da política em Camaçari


A recente decisão do atual prefeito de Camaçari de fechar a UPA dos PHOCs gerou uma enxurrada de debates nas redes sociais e nos bastidores da política local. A justificativa oficial, alegando “problemas de infraestrutura predial” após um alagamento provocado pelo rompimento de um cano da Embasa, transformou-se rapidamente em um palco de disputas de narrativas entre governo e oposição. O desfecho dessa novela política? A “reinauguração” da unidade, marcada para a próxima segunda-feira, para alívio da população.

A UPA dos PHOCs foi inaugurada em outubro de 2024, compondo um importante Complexo de Saúde, pois os PHOCS, já contavam com a UPINHA, uma Policlínica de Especialidades Pediátricas, um CAPS III e três Unidades de Saúde da Família (USF). No último dia 13, (será que foi mera coincidência?), o rompimento de um cano da Embasa numa rua próxima resultou no alagamento de suas dependências, trazendo transtornos visíveis, mas não transtornos estruturais.

Enquanto o governo municipal, por meio de seus vereadores, divulgava a versão de “falhas na execução da obra” — uma crítica implícita à gestão anterior —, o vereador Jamessom (PL), aliado do ex-prefeito Elinaldo (União Brasil), desmentiu publicamente essa narrativa através de vídeos amplamente compartilhados, expondo as reais causas do alagamento, os canos estourados e os operários realizando o reparo.

Apesar das evidências que apontavam para um problema pontual, que foi solucionado em poucas horas, o prefeito decidiu fechar a UPA, demitir os funcionários terceirizados e reforçar o discurso de que a unidade precisava de correções na infraestrutura. Essa decisão gerou indignação na comunidade e no grupo político que comandava o município, devido a demonstração do seu oportunismo político.

O fechamento abrupto da UPA dos PHOCs levanta questionamentos sobre os reais motivos dessa decisão. Se, de fato, as condições técnicas para o funcionamento da unidade permaneciam intactas, por que insistir no fechamento? Para muitos, trata-se de uma tentativa de reverter a imagem de “prefeito que fecha UPAs” — um estigma que o atual gestor e seu grupo político carregam desde o fechamento da UPA da Gleba B, na gestão do Partido dos Trabalhadores.

Ao insistir em fechar a UPA e, agora, “reinaugurá-la”, o prefeito busca transformar o problema em uma narrativa de “solucionador de crises”. Contudo, o movimento gerou desgaste político e críticas da população, que enxergam a manobra como desrespeitosa às suas necessidades, e a gestão de Elinaldo que expandiu os serviços de saúde em Camaçari.

O fechamento da UPA dos PHOCs evidencia como a saúde pública em Camaçari continua sendo usada como palanque político. O fechamento e, em seguida a reabertura da UPA revelam uma tentativa de apagar o legado da gestão do PT, mas também expõem a fragilidade de um discurso que, ao invés de priorizar as necessidades da população, foca em disputas partidárias.

Além disso, o comportamento contraditório do prefeito atual confirma as dúvidas sobre sua capacidade de gestão. Ao anunciar a “reinauguração” da UPA, que estava em plenas condições de funcionamento, ele não só enfraquece sua narrativa inicial como também desperdiça recursos que poderiam ser destinados à melhoria efetiva dos serviços de saúde, além de aumentar o sofrimento da população.

Os vídeos de moradores e lideranças, incluindo o vereador Jamessom, pedindo a reabertura imediata da UPA foram um grito de resistência contra o descaso. As imagens da UPA sem danos estruturais reforçaram a percepção de que o fechamento foi desnecessário e politicamente motivado.

A população não precisa de reaberturas simbólicas, mas sim de serviços contínuos e eficientes. Fechar uma UPA por um problema pontual, rapidamente resolvido pelos seus funcionários, demonstra uma inversão de prioridades. A saúde pública deve ser conduzida com responsabilidade e compromisso, e não utilizada como peça em jogos políticos.

Outro aspecto alarmante desse episódio foi a postura da Secretaria de Saúde, que permaneceu inerte e omissa, diante da decisão do prefeito de fechar a UPA dos PHOCs e concordou com o desmonte do seu quadro funcional. Médicos e demais trabalhadores terceirizados, essenciais para o funcionamento da UPA, foram sumariamente demitidos, deixando a comunidade sem os serviços fundamentais e os profissionais sem emprego, revelando falta de planejamento e sensibilidade dos gestores.

A SESAU que deveria agir como um órgão técnico e defensor da continuidade dos serviços de saúde, e não ceder às decisões políticas sem questionamentos, aceitando a narrativa de que o fechamento era necessário. Essa postura da SESAU revela que a saúde pública está sendo gerida com objetivos que não convergem para o avanço do SUS, e sim para o fortalecimento do grupo político que se encontra no poder.

 

 

A reinauguração da UPA dos PHOCs, embora venha cercada de discursos e postagens de vídeos nas redes sociais, deixa lições importantes. A primeira é que a saúde pública não deve ser refém de narrativas políticas. Em segundo lugar, o episódio revela a força da sociedade civil em pressionar por transparência e coerência.

 

 

Para além das disputas partidárias, o que realmente importa é garantir que a população de Camaçari tenha acesso a serviços de saúde de qualidade, sem interrupções desnecessárias. A política deve servir ao povo, e não o contrário. Se o governo atual deseja recuperar sua credibilidade, precisa provar que coloca as demandas da população acima das estratégias político-eleitorais. Caso contrário, ficará marcado, mais uma vez, não pela gestão eficiente, mas pelas jogadas de palco, enganando a plateia, neste caso a população de Camaçari.

 

 

Luiz Duplat duplat.luiz@hotmail.com é médico obstetra, especialista em saúde da família e secretário de saúde de Camaçari

 

Reportagem completa no link abaixo:

 

Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor

 

 

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